By Graça Marinho

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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O horário de verão deixa as pessoas atrapalhadas?


O horário de verão deixa muita gente atrapalhada

"Os deuses instalaram ansiedade no primeiro homem que descobriu como distinguir as horas”. Titus Maccius Plautus (254-184 d.C.) Dramaturgo italiano.

­­­Os antigos é que realmente sabiam das coisas: eles não impunham regras à natureza, simplesmente seguiam seus ditames. Nunca poderiam imaginar que, um dia, o homem criaria o horário de verão.

Mas que diabos é esse tal de horário de verão? Como pode haver mais de um horário no mundo? Meio-dia é quando o Sol está a pino e ponto final. Ou você é daqueles que acreditam que o Big Ben (aquele famoso relógio inglês) é mais preciso do que o próprio Sol?

Discordâncias à parte, o horário de verão é mais uma convenção humana que consiste em antecipar em 1 hora o horário oficial de países do hemisfério sul, entre outubro e março, e do hemisfério norte, entre março e outubro.
Sol a pino

As estações de primavera e verão equivalem aos momentos da órbita em torno do Sol em que há maior incidência de luz solar sobre a Terra. Estes momentos, para o hemisfério sul, vão de outubro e março, e para o hemisfério norte exatamente o oposto. Quando é inverno aqui, é verão lá. E assim subseqüentemente.

­­Tudo para adaptar nossas atividades cotidianas à quantidade de luz emitida pelo sol, em cada época do ano. Mais do que isso, para aproveitar a época de maior incidência de luz solar e economizar energia.
Não deixa de ser uma medida ecologicamente correta. No Brasil, a economia de energia gerada pelo horário de verão é de 0,5% por dia, chegando a atingir até 4% no horário de pico. Parece pouco, mas em números inteiros, equivale a cerca de R$ 50 milhões.

O horário de verão, é bom lembrar, só pode ser criado graças a outra convenção humana: o fuso horário. Mas o que são os fusos horários?

Criadas no final da século 19, as zonas horárias são cada uma das 24 áreas em que se divide a Terra e que seguem a mesma definição de tempo. Cada área abrange 15° de longitude e, teoricamente, os países compreendidos nela estão no mesmo horário. Na prática, no entanto, as formas dos fusos horários são bastante irregulares, seguindo prescrições geopolíticas. Argentina e Paraguai, por exemplo, estão no mesmo fuso horário mas operam em horários distintos, com uma diferença de uma hora para cada um.

Com exceção dos territórios sobre os quais passa o meridiano de Greenwich, o Sol não está exatamente a pino quando os relógios marcam meio-dia. E no horário de verão? Pode ter certeza que o Sol saiu do zênite a pelo menos 1 hora.

A (des)organização humana


Imagine se, nos dias de hoje, os fusos horários não existissem e os ponteiros dos relógios ao redor do mundo não estivessem absolutamente sincronizados. Seria um colapso total, não é mesmo?

Atualmente, a Europa opera em 3 fusos horários, antes eram 27; a América do Norte está compreendida em 5 fusos horários, antigamente haviam 74 horários específicos.

Ficou mais fácil, concorda? Não para boa parte dos chineses, que são obrigados a adotar o horário de Pequim em todas suas regiões. Durante o inverno, por exemplo, o sol nasce por volta das 9h30 no oeste chinês.


Relógio Biológico

por Celso Monteiro
 
Com toda essa (des)organização, será que o horário de verão não deixa as pessoas meio atrapalhadas?

Engana-se quem acha que não é afetado pelas variações que ocorrem no ambiente. Em maior ou menor grau, o organismo de todas as pessoas sente o reflexo de mudanças, sobretudo quando são bruscas – como é o caso do horário de verão.

Em condições normais, os diversos ritmos do nosso organismo (como o ciclo vigília-sono e o ritmo de temperatura, entre outros) estão sincronizados entre si. É o que chamamos comumente de relógio biológico, e os cientistas de ordem temporal interna. Por isso, quando há mudança brusca de horário, nosso organismo tende a se reajustar.

Como cada ritmo tem uma velocidade própria de equalização, a relação de fase entre eles é alterada com a mudança do horário. É a chamada desordem temporal interna. Pode ocasionar sensações não muito agradáveis, como mal-estar, dificuldade para dormir, sonolência diurna, alterações de humor e até mesmo de hábitos alimentares. Os sintomas podem perdurar poucos dias, ou se prolongar por semanas - cessa quando a ordem temporal interna é reestabelecida.

Aviso aos céticos
Depois de toda essa explicação, você continua não acreditando nessa negócio de reflexos no nosso organismo? Que é só acertar o relógio e tá tudo certo?

De acordo com o Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos (GMDRB) da Universidade de São Paulo, um estudo feito no Canadá constatou os reflexos do horário de verão sobre nosso corpo. No dia seguinte após a implantação do novo horário, há um aumento de 7% do número de acidentes de trânsito; e após uma semana, a situação volta ao normal.

Continua não acreditando? Pois saiba então que o mesmo estudo diagnosticou que na retirada do horário, ocorre uma diminuição do número de acidentes no primeiro dia e um aumento de cerca de 7% uma semana depois da retirada do sistema.

Estas variações não são coincidência. Não é a toa que os países estabelecem o início do horário de verão aos domingo.


O homem: (im)preciso por conveniência


Veja lista de “aberrações”, digo, convenções que o homem foi capaz de produzir até os dias de hoje:

  • O homem definiu que o dia tem 24 horas. Na verdade, são 23 horas, 56 minutos, 35 segundos e 9 centésimos;

  • O homem também definiu que o ano tem 365 dias, quando na verdade tem um pouco mais: 365,24;

  • Para acertar as "imperfeições", o homem criou o ano bissexto, com 366 dias e que ocorre de quatro em quatro anos.

Leia também o meu texto sobre o que faz comigo o horário de verão no post "Adoro o Horário de Verão, mas até me acostumar eu fico tão zureta...." em meu outro blog (A doce vida doce de Grace).
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Fonte: howsuffworks? comotudofunciona?

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Aldeia da Serra e San Diego/USA