"Os deuses instalaram ansiedade no primeiro homem que descobriu como distinguir as horas”. Titus Maccius Plautus (254-184 d.C.) Dramaturgo italiano.
Os antigos é que realmente sabiam das coisas: eles não impunham regras à natureza, simplesmente seguiam seus ditames. Nunca poderiam imaginar que, um dia, o homem criaria o horário de verão.
Mas que diabos é esse tal de horário de verão? Como pode haver mais de um horário no mundo? Meio-dia é quando o Sol está a pino e ponto final. Ou você é daqueles que acreditam que o Big Ben (aquele famoso relógio inglês) é mais preciso do que o próprio Sol?
Discordâncias à parte, o horário de verão é mais uma convenção humana que consiste em antecipar em 1 hora o horário oficial de países do hemisfério sul, entre outubro e março, e do hemisfério norte, entre março e outubro.
As estações de primavera e verão equivalem aos momentos da órbita em torno do Sol em que há maior incidência de luz solar sobre a Terra. Estes momentos, para o hemisfério sul, vão de outubro e março, e para o hemisfério norte exatamente o oposto. Quando é inverno aqui, é verão lá. E assim subseqüentemente. |
Não deixa de ser uma medida ecologicamente correta. No Brasil, a economia de energia gerada pelo horário de verão é de 0,5% por dia, chegando a atingir até 4% no horário de pico. Parece pouco, mas em números inteiros, equivale a cerca de R$ 50 milhões.
O horário de verão, é bom lembrar, só pode ser criado graças a outra convenção humana: o fuso horário. Mas o que são os fusos horários?
Criadas no final da século 19, as zonas horárias são cada uma das 24 áreas em que se divide a Terra e que seguem a mesma definição de tempo. Cada área abrange 15° de longitude e, teoricamente, os países compreendidos nela estão no mesmo horário. Na prática, no entanto, as formas dos fusos horários são bastante irregulares, seguindo prescrições geopolíticas. Argentina e Paraguai, por exemplo, estão no mesmo fuso horário mas operam em horários distintos, com uma diferença de uma hora para cada um.
Com exceção dos territórios sobre os quais passa o meridiano de Greenwich, o Sol não está exatamente a pino quando os relógios marcam meio-dia. E no horário de verão? Pode ter certeza que o Sol saiu do zênite a pelo menos 1 hora.
Imagine se, nos dias de hoje, os fusos horários não existissem e os ponteiros dos relógios ao redor do mundo não estivessem absolutamente sincronizados. Seria um colapso total, não é mesmo? Atualmente, a Europa opera em 3 fusos horários, antes eram 27; a América do Norte está compreendida em 5 fusos horários, antigamente haviam 74 horários específicos. Ficou mais fácil, concorda? Não para boa parte dos chineses, que são obrigados a adotar o horário de Pequim em todas suas regiões. Durante o inverno, por exemplo, o sol nasce por volta das 9h30 no oeste chinês. |
Relógio Biológico
por Celso MonteiroCom toda essa (des)organização, será que o horário de verão não deixa as pessoas meio atrapalhadas?
Engana-se quem acha que não é afetado pelas variações que ocorrem no ambiente. Em maior ou menor grau, o organismo de todas as pessoas sente o reflexo de mudanças, sobretudo quando são bruscas – como é o caso do horário de verão.
Em condições normais, os diversos ritmos do nosso organismo (como o ciclo vigília-sono e o ritmo de temperatura, entre outros) estão sincronizados entre si. É o que chamamos comumente de relógio biológico, e os cientistas de ordem temporal interna. Por isso, quando há mudança brusca de horário, nosso organismo tende a se reajustar.
Como cada ritmo tem uma velocidade própria de equalização, a relação de fase entre eles é alterada com a mudança do horário. É a chamada desordem temporal interna. Pode ocasionar sensações não muito agradáveis, como mal-estar, dificuldade para dormir, sonolência diurna, alterações de humor e até mesmo de hábitos alimentares. Os sintomas podem perdurar poucos dias, ou se prolongar por semanas - cessa quando a ordem temporal interna é reestabelecida.
Aviso aos céticos
Depois de toda essa explicação, você continua não acreditando nessa negócio de reflexos no nosso organismo? Que é só acertar o relógio e tá tudo certo?
De acordo com o Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos (GMDRB) da Universidade de São Paulo, um estudo feito no Canadá constatou os reflexos do horário de verão sobre nosso corpo. No dia seguinte após a implantação do novo horário, há um aumento de 7% do número de acidentes de trânsito; e após uma semana, a situação volta ao normal.
Continua não acreditando? Pois saiba então que o mesmo estudo diagnosticou que na retirada do horário, ocorre uma diminuição do número de acidentes no primeiro dia e um aumento de cerca de 7% uma semana depois da retirada do sistema.
Estas variações não são coincidência. Não é a toa que os países estabelecem o início do horário de verão aos domingo.
Veja lista de “aberrações”, digo, convenções que o homem foi capaz de produzir até os dias de hoje:
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Leia também o meu texto sobre o que faz comigo o horário de verão no post "Adoro o Horário de Verão, mas até me acostumar eu fico tão zureta...." em meu outro blog (A doce vida doce de Grace).
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Fonte: howsuffworks? comotudofunciona?
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